Conta aqui para nós, pandemia no mundo, isolamento social imposto, será que você foi mais um (a) que se descobriu quase que chef de cozinha nesse período?
Sim? Não?
Nesses tempos em que todos foram “convidados” a permanecer em casa, muitos foram os que se viram (pela necessidade de comer, para preencher o tempo, ou pelos dois juntos mesmo) “bastante íntimos” das panelas. E, pasme, igualmente muitos foram os que gostaram muito da experiência.
Se você esteve / está neste grupo, será que conhece alguma parte da história da culinária no Brasil?
Não se preocupe com a resposta, nós, da ISO, vamos te contar.
Tudo começou – como você sabe – com os índios. Quando os portugueses aportaram aqui, o que viram foi uma população que plantava, colhia e se alimentava de mandioca, palmito, aipim, batata, abóbora, milho, feijão, fava, amendoim, cará, além de carnes e peixes resultantes da caça e da pesca.
Uma curiosidade sobre este último item: o peixe era cozido ou assado inteiro, sem escamar. A caça era assada com couro e comida semicrua.
Lá naquela época, todo o alimento era preparado em separado, mesmo que fosse consumido junto. O principal condimento era a pimenta, que era usada verde ou madura e que podia ser consumida inteira, com farinha.
Farinha! A base da alimentação indígena era produzida a partir da mandioca. Com ela também faziam beiju.
Tá, mas e a bebida?
Tudo o que tomavam àquela época era feito a partir da fermentação da mandioca, do aipim, da batata-doce e do milho. O vinho era feito de caju, ananás e jenipapo, e também de beiju e tapioca. Igualmente havia a garapa de pamonha – pamonha diluída em água – e xibé, farinha de mandioca com água. As bebidas eram servidas quentes.
Já instalados por aqui, os colonizadores foram trazendo, de Portugal, suas famílias e, da África, os escravos.
Aos escravos era imposta a alimentação disponibilizada pelos portugueses, que traziam – de sua terra natal – vacas, touros, ovelhas, cabras, carneiros, porcos, galinhas, patos, gansos, bem como grande variedade de frutas, legumes, verduras, cereais e temperos.
Muito bem, a partir disso, eles – os escravos – aprenderam a fazer pirão cozido, misturando a farinha de mandioca ao caldo fervente. Também gostavam muito do milho, com o qual logo passaram a preparar angu, um mingau mais consistente que o pirão, feito com água e fubá.
Sabe a nossa famosa dupla, arroz-feijão? Pois bem, naquele tempo, o arroz era preparado com água e sal, com a consistência do pirão, para acompanhar carnes e peixes.
Aqueeele arroz, branco, soltinho, sequinho, que tanto gostamos hoje, nos primórdios de nossa história era servido apenas em hotéis e casas ricas. Já o feijão, só para você saber, não era muito apreciado pela população da época, mas também fazia parte da alimentação (era consumido junto com farinha, peixes frescos e carnes).
Opa! Identificou algo aí, não? Segura aí...Voltaremos à essa mistura de feijão com carnes mais à frente.
Muito bem, muitos dos alimentos que conhecemos hoje – como inhame, quiabo, erva-doce, gengibre, açafrão, gergelim, amendoim africano, melancia, banana e coco – foram trazidos do continente africano por conta do tráfico de escravos. Era com esses alimentos que os traficados eram nutridos.
A banana foi “a iguaria” vinda de lá que mais ganhou popularidade.
Agora um dado interessante: sabe aqueeele frango que você, que malha, gosta tanto de preparar para manter a forma? Ou aquele peito / coxa assado, saboroso, bem temperado e sequinho, que, hoje em dia, muitos adoram comer aos domingos, acompanhado de uma boa macarronada? Pois é, os índios e os africanos detestavam.
Eles criavam as galinhas trazidas pelos portugueses só para recolher os ovos e vendê-los depois. Também não gostavam dos ovos. Estes eram apreciados apenas pelos brancos colonizadores.
Muito bem, já deu para entender que a comida brasileira que conhecemos hoje é resultante da mistura de três cozinhas, certo? A portuguesa, a indígena e a africana.
Ok, mas voltando à nossa linha do tempo e avançando para o século XVIII (período em que o Brasil lutava por sua independência) é importante registrar que, com a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, muitos ingredientes e pratos novos entraram em cena na mesa brasileira.
Nesta época, azeite doce, pão de trigo, vinho português e champanhe faziam a alegria de famílias portuguesas distintas, que os consumiam fartamente. Paralelamente, uma certa bebida começava a ganhar o coração do brasileiro comum. Será que você adivinha o nome dela? Sim, a cerveja!
O café, que – na época – era nosso principal produto de exportação, também passou a frequentar a mesa dos brasileiros. No entanto, com a proibição do tráfico de escravos, a lavoura do café precisou abrir espaço para trabalhadores europeus. Foi assim que a nossa mesa sofreu influência, também, entre outras, da cozinha espanhola, alemã, açoriana, suíça e italiana.
Tá, tá, como prometido, vamos retomar a mistura do feijão com carne...
No período em questão, o feijão era prato preferido, consumido todos os dias, misturado com carne seca e toucinho.
Os portugueses tiveram então a ideia de misturar essa receita ao cozido.
Foi assim que nasceu a feijoada!
Pronto, agora que já te contamos um pouco da história da cozinha brasileira, diz aqui para nós: o que foi que você preparou de gostoso hoje?
[Fonte: Portal Educação]